Judaização do cristianismo: ou uma guinada desastrosa
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Judeus orando no Muro das Lamentações |
Se os judaizantes conseguissem seu
insidioso projeto, a espiritualidade cristã daria uma guinada de volta ao
judaísmo e estaria totalmente comprometida culminando o desastre. Este
comentário aborda apenas alguns aspectos gerais relacionados à aceitação por
parte dos primeiros cristãos da proposta judaizante - a circuncisão como
elemento imprescindível à salvação dos gentios. Uma análise de dois desses
aspectos já se torna suficiente, sendo o primeiro sobre a justificação pela fé
e o segundo a liberdade em Cristo. A análise destes pontos está apresentada como
se fosse em um cenário.
Tema: Justificação pela fé somente
Cena 1
Os judaizantes (fariseus cristãos)
disseram aos gálatas que eles deviam ser circuncidados. Paulo concorda e fala
sobre a necessidade dos cristãos gentios se circuncidarem para serem justos
diante de Deus. Esse elemento novo em sua pregação começa a promover uma enorme
discrepância na igreja. Os gentios começaram a compreender que a mais nova
mensagem de Paulo está em desacordo com as mensagens anteriores percebendo uma
forte guinada à religião dos judeus. Alguém pergunta: "E o restante da
lei, e os outros mandamentos?" Teremos que usar o tsit-tsit? Outro
pergunta: "E as festas anuais, teremos que observá-las?".
Atordoado Paulo não sabe o que responder e encerra-se a cena.
Segundo Lawrence O. Richards
em Guia do Leitor da Bíblia, “a
justificação não é algo exclusivamente legal mas experimental. As obras de
Deus, através do Espírito Santo, de fato fazem dos que creem, homens e mulheres
justos”. Para este autor, a justificação não é uma obra do ser humano
preconizada em mandamentos, mas uma obra de Deus que pelo seu Espírito produz a
justificação no homem depois que este creu em Seu Amado Filho Jesus.
Cena 2
Paulo não concorda com
os judaizantes e diz aos irmãos que se eles se deixarem se circuncidar terão de
guardar toda a lei, coisa que já foi cabalmente cumprida por Jesus. A
circuncisão, como meio de justificação implica em desfazer toda a Obra do
Calvário reduzindo-a a nada. A justificação não vem pela prática da lei mas
pela fé em Cristo Jesus e seu sacrifício, não restando nada mais para
cumprirmos a não ser a lei do amor. Os brados de louvor a Jesus se ouviram,
pois todos sentiram o poder da graça operando em seus corações ao compreenderem
que o Senhor justificou a todos pelo seu poderoso e precioso sangue e que a fé
em Jesus somente é suficiente para torna-los justos diante de Deus.
Tema: A liberdade em Cristo
Cena 1
Paulo acaba de aceitar a
proposta dos judaizantes que desejam que todos os cristãos gentios se
circuncidem para serem libertos. Sua pregação passou a ser assim: "Irmãos,
de acordo com os cristãos que eram da antiga seita dos fariseus, vocês tem de
aceitar também a circuncisão para serem livres". Alguém após ouvir tudo
isso ficou muito triste e disse: "Eu estava me sentindo tão leve e livre
com a minha fé em Jesus, agora terei que circuncidar com uma faca de pedra e
ficar recluso por três dias até a dor passar. Depois terei que dar provas
sempre que alguém me perguntar sobre a minha fé em Jesus. Isso é um cativeiro!
Eu não aceito. Eu quero continuar sendo livre em Jesus, pois ele nos chamou
para a liberdade. Glória ao Cordeiro de Deus!" Outro perguntou:
"Irmão Paulo, o evangelho que você prega não foi recebido do Senhor Jesus,
e porque agora você prega segundo os fariseus convertidos que ainda mantém suas
antigas crenças?" Depois que os irmãos ouviram estes testemunhos compreenderam
o quanto a circuncisão poderia os unir a antiga religião dos judeus. Eles eram
gentios e não conheciam o que significava tudo aquilo, a simplicidade do
evangelho é bem melhor.
No ensino de Broadus
David Hale em Introdução ao Estudo do
Novo Testamento aprendemos que: a) Paulo combateu a perversão do evangelho
e; b) restaurou os cristãos gálatas à liberdade espiritual, que uma vez
desfrutaram em Jesus Cristo. Concordando com o assunto, o autor Lawrence Richards assevera que "fomos
comprados por Deus para sermos libertados da escravidão do pecado e da lei para
jamais voltarmos ao cativeiro".
Cena 2. Paulo não aceita a tentativa dos fariseus
convertidos parcialmente que queriam introduzir a circuncisão na vida dos
cristãos gentios porque implica no Grande Resgate que o Senhor Jesus
protagonizou na cruz, dizendo:
Ó
insensatos gálatas! quem vos fascinou para não obedecerdes à verdade, a vós,
perante os olhos de quem Jesus Cristo foi evidenciado, crucificado, entre vós? Gálatas 3:1.
Todos glorificaram a Deus por compreender
o poder da liberdade que estavam sentindo em Cristo Jesus e cada um foi para
sua casa entusiasmado com este novo conhecimento. “Graças a Deus que o Espírito
Santo deu entendimento ao apóstolo para não nos permitir cair debaixo de um
jugo tão pesado como o jugo da lei”.
Portanto, se Paulo prontamente não
houvera trabalhado com o propósito de debelar o discurso dos judaizantes, um
desastre teria acontecido no meio cristão levando muitos às aberrações
doutrinárias em um cristianismo híbrido e amorfo. Sem dúvida a fé teria sido
defenestrada totalmente daqueles corações do século primeiro.
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