A autoridade bíblica e experiência pentecostal

Os pentecostais têm a Bíblia Sagrada como autoridade em matéria de revelação de Deus. Sendo autoridade, ela tem o poder de transformar a vida interior do ser humano e produzir experiências espirituais, por isso cremos, professamos e ensinamos que a Bíblia Sagrada é a inerrante e infalível Palavra de Deus.  
A autoridade da Bíblia é um ensino que tem ressurgido com muita força no cenário atual e abalado as estruturas daquele pensamento pós-moderno que se opõe a todo tipo de autoridade, pois como definiu o Teólogo Alister McGrath em seu livro “Paixão pela verdade - a coerência intelectual do evangelicalismo”:
O Pós-modernismo é geralmente entendido como algo de sensibilidade cultural sem absolutos, certezas fixas ou fundamentos, que se deleita no pluralismo e divergência, e que objetiva pensar profundamente o “estabelecimento” radical de todo pensamento humano.  
Em oposição a esse modo de pensar o teólogo afirma que A VERDADE EXIGE SER ACEITA, e aqui está o fio condutor da experiência com a autoridade da Palavra de Deus.
Assim, se você deseja conhecer a vontade de Deus para sua vida e obter experiência com Deus, é necessário reconhecer a autoridade da Bíblia Sagrada como o alicerce para sua experiência espiritual. Pois Deus requer que aquele que lê a Escritura esteja convicto de que ela é a Palavra de Deus e tem o poder e a autoridade em si mesma para a sua transformação. 
Alister McGrath não é pentecostal, mas sua explicação tem uma tonalidade quase pentecostal ao afirmar: 
Quando a Bíblia é recebida e ensinada como a Palavra de Deus, ela fala às necessidades e situações das pessoas com um poder e relevância que confirmam a autoridade inerente que lhe foi dada por Deus. Os evangelhos descrevem como Jesus assombrou seus auditórios por sua pregação cheia de autoridade; essa autoridade foi no primeiro momento experimentada, e só no segundo momento, explicada, por seus seguidores.  
Aqui temos dois momentos importantes após o encontro com a autoridade da Palavra do Senhor: 
1º) o momento da autoridade experimentada
A experiência dos seguidores de Jesus não foi apenas cognitiva, mas sensorial, ou seja, eles perceberam pelos sentidos da visão, audição e tato. Mas, também contemplaram a Palavra da Vida. O Apóstolo João resume a experiência que os discípulos tiveram com o Senhor: em 1 João 1.1
O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida 

2º) o momento da autoridade explicada.
A partir da experiência multi-sensorial que eles tiveram a autoridade da Palavra do Senhor, passaram à fase da explicação dessa autoridade por meio dos métodos que escolheram mais adequados para o entendimento dos seus ouvintes.  
(Porque a vida foi manifestada, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai, e nos foi manifestada); O que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo.

A Pregação Pentecostal tem por base a autoridade da Palavra de Deus e somente quando os pregadores se propõem a pregar debaixo da autoridade do Deus da Palavra é que sua autoridade pode ser experimentada pelos ouvintes. Ao ser experimentada a Palavra de Deus produz experiências espirituais de curto, médio e longo prazo nos corações dos ouvintes. As experiencias de curto prazo são aquelas que os ouvintes tem ao ouvirem a palavra de Deus no momento em que ela é anunciada. Os exemplos são a alegria e o gozo espiritual sentido na recepção da Palavra. As experiências de médio prazo são as que alcançamos no cotidiano como resultados da Palavra que ouvimos, são exemplos: a fé para vencer as tentações, suportar as tribulações, entre outros. As experiências de longo prazo são aquelas que transformam todo o curso da vida do cristão, como por exemplo: a mensagem da salvação, a santificação, a renovação, entre outras.   
Portanto, o cristão pentecostal não faz a leitura da Bíblia apenas para conhecer a Palavra de Deus, mas a lê com o propósito de obter a experiência espiritual com o Deus da Palavra. Em primeiro lugar a autoridade da Palavra precisa ser experimentada para depois ser devidamente explicada.
Fonte: Alister McGrath. Paixão pela verdade - a coerência intelectual do evangelicalismo. São Paulo: Shedd Publicações, 2007. pp. 86, 161

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